Mais de 1 ano depois, voltei.
Porquê?
Porque me apeteceu.
Porque deixei de escrever?
Pois, outras prioridades, o puto, o trabalho.
A minha vida está bastante diferente, não tenho tempo para pensar em linfomas, salvo quando se aproxima a época de exames, que serão nos próximos meses de Setembro e Outubro).
O M. está grande e feliz, passou para o 3º ano e está um menino muito lindo e igual às outras crianças da idade dele.
Falta pouco para irmos de férias, mas como agora estou numa fase mais calma (já me acostumei a ser mãe e no trabalho também posso dizer que já me sinto mais confiante, com a terefa que me foi atribuida em Dez/2013).
Hoje ao dar uma vista de olhos nos Blog que costuma ler, encontrei um texto maravilhoso de Rubem Alves, que foi publicado no Blog da Cintia e que eu adorei e que de uma forma geral, retrata bem a pessoa que sou hoje.
O tempo e as Jabuticabas- Rubem Alves
Contei meus anos e descobri que terei menos tempo para viver
daqui para frente do que já vivi até agora. Sinto-me como aquela
menina que ganhou uma bacia de jabuticabas. As primeiras, ela
chupou displicente, mas percebendo que faltam poucas, rói o caroço.
Já não tenho tempo para lidar com mediocridades.
Não quero estar em reuniões onde desfilam egos inflados.
Não tolero gabolices. Inquieto-me com invejosos tentando destruir
quem eles admiram, cobiçando seus lugares, talentos e sorte.
Já não tenho tempo para projetos megalomaníacos.
Não participarei de conferências que estabelecem prazos fixos
para reverter a miséria do mundo. Não quero que me convidem
para eventos de um fim de semana com a proposta de abalar o milênio.
Já não tenho tempo para reuniões intermináveis para discutir
estatutos, normas, procedimentos e regimentos internos.
Já não tenho tempo para administrar melindres de pessoas,
que apesar da idade cronológica, são imaturos.
Não quero ver os ponteiros do relógio avançando em reuniões
de 'confrontação', onde 'tiramos fatos a limpo'.
Detesto fazer acareação de desafetos que brigaram pelo
majestoso cargo de secretário geral do coral.
Lembrei-me agora de Mário de Andrade que afirmou: 'as pessoas
não debatem conteúdos, apenas os rótulos'.
Meu tempo tornou-se escasso para debater rótulos, quero a
essência, minha alma tem pressa...
Sem muitas jabuticabas na bacia, quero viver ao lado de gente
humana, muito humana; que sabe rir de seus tropeços, não se encanta
com triunfos, não se considera eleita antes da hora, não
foge de sua mortalidade, defende a dignidade dos marginalizados,
e deseja tão somente andar ao lado do que é justo.
Caminhar perto de coisas e pessoas de verdade, desfrutar desse
amor absolutamente sem fraudes, nunca será perda de tempo.'
O essencial faz a vida valer a pena...
e para mim basta o essencial.
e para mim basta o essencial.
Gi
2 comentários:
Querida Gigi,
Também deixei meu blog bem de lado, ocupada aproveitando essa vida maravilhosa que Deus me presenteou com saúde. Esse texto é lindo e mostra uma das mudanças que o tratamento me trouxe: a pressa de viver. Obrigada pelo recadinho que me deixou, vou postar hoje fotos de outro ensaio lindo que fizemos. Me caso em 06 dias, algo que foi planejado com tanto carinho!
Seja muito feliz querida!
bjos
Bem vinda. O texto é excelente e reflecte o que também sinto (porque sera?) :)
Só vejo uma diferença. Ainda não chegámos ao meio da vida. Ainda nos falta um tempinho para os 40 e vamos chegar (no mínimo aos 80), daí que ainda tenhamos muito para fazer. Uma beijoca grande e obrigada pela visita (e comentários)
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