quinta-feira, 15 de março de 2012

SOS Angola, os Dias da Ponte Aérea

Entre Julho e Novembro de 1975, quase 200 mil portugueses interromperam abruptamente uma vida inteira passada em Angola e vieram para Portugal através de uma das maiores pontes aéreas de resgate de civis jamais implementadas.

Aviões da TAP e de várias companhias estrangeiras voaram sem pausas entre Lisboa e África para trazer todos os que quisessem sair das cidades e dos confins de Angola antes da independência. O desespero dos últimos meses e o medo de morrer às mãos dos chamados movimentos de libertação levaram milhares de colonos a correr para os aeroportos à procura de um lugar nos aviões que partiam de Luanda e Nova Lisboa a toda a hora e sobrelotados, com pessoas a viajar em porões e casas-de-banho para aproveitar o espaço ao máximo. Comissários e assistentes de bordo trabalharam sem folgas nesses meses loucos, acompanhando homens, mulheres, crianças, famílias inteiras desamparadas e soldados à beira da morte. As tripulações, exaustas, nunca conseguiram esquecer esses dias, nem as mães que lhes pediam para ficarem com os filhos.

Recuperando esse tempo de angústia e agitação, S.O.S. Angola é um livro dramático e profundamente enternecedor, que revela cada pormenor desta epopeia e evoca as tragédias pessoais de quem teve de sair de África sem nada em direcção a um país desconhecido que, ainda por cima, acabara de viver uma revolução. Para os passageiros da Ponte Aérea, o futuro não podia ser mais aterrador.



Li este livro, no final do ano de 2011, tinha sido uma prenda de aniversário, que a minha sogra me deu. Não é um romance, é um documentos histórico, um conjunto de entrevista e memórias de pessoas que viveram esta situação, transformadas em Livro. Adorei.

2 comentários:

IsaLenca disse...

Pois quando puderes vou pedir-to emprestado já que fui uma dos milhares que regressaram nessa altura.

Bjs

laura disse...

Como te entendo a ti e à Isalenca.

Ainda se agora aquele povo fosse feliz...